segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Corpo-máquina

Se antes apertavas parafusos
hoje
controle de comandos virtuais.

Se foi um ideal difuso
agora
poderes bio naturais

Se fostes homens-máquinas
sois
máquinas-industriais

Se é por uma força bruta
pode
explorações descomunais.

Se te lanças a enfrentar abusos
sois
crimes, somente marginais.

Esse jogo de mortes marcadas
essa não-vida
esses túmulos
ancestrais.

Não te deixas
aniquilar nesse obscuro
desse controle
desses liberais!





                                           






quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Do pixo

Onde tem luxo tem pixo
onde tem lixo tem pixo
o pixo é vida
a vida é pra ser vivida

tão vívida
que sobre paredes
tão certa
que se move pelos ares

não deturpe
escute

não resmungue
se assuste!

chegam nas vossas janelas
lançam um nome com tinta
riscam no risco que correm

no asseio se sujam
às vezes morrem

mas é se é fosca vossa vida
a forma de escrita marca a máscara
traiçoeira


aprume essa sua lida
não se submeta
a listra
a tinta escura que marca muros e paredes
é para que não somente se aborreça

vida, sina
simples
na complexidade da vivência.











sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O que dirão?

E dirão os otimistas: é ano novo, vamos comemorar!
e os pessimistas: que nada, tudo a mesma coisa!
e os idealistas: é possível algo
e os conformados: tá bom, esteve pior
e os desesperados: vamos logo, corre que vai passar os dias!
e os endireitados: podemos ganhar mais
e os esquerdistas: nada a ver conversar com esses
e os altruístas: é preciso dar uma chance
e os economistas: serão tempos nebulosos
e os fatricidas: ainda sobraram cacos
e os genocidas: é nossa chance!

Mas ainda restam outras saídas,
tem os esperançosos
pulam de andares altos
se enveredam pelo desconhecido
leem nas madrugadas
são insones
deixam os desesperados na lama

os que acreditam não se agonizam
veem mais longe
enxergam o não visto

contra o medo implantado
rasgam o dinheiro
abusam da cor do dia
ouvem os pássaros
abrem cadeias
e sentam sozinhos no banco da praça

na cidade, falam sozinhos
ou ficam calados por semanas

são loucos, divertidos
e divergem do estabelecido

não tem nada de novo debaixo do sol
tem só pontinhas de segredos no futuro...