sexta-feira, 3 de abril de 2015

Por esses condenados que morrem, viverão*


Essa penas de morte nunca passadas, não passarão
Essa vidas riscadas do mapa
e traçadas nos gráficos
em notícias falsas
não serão em vão

são meninos
sempre da mesma cor
sempre do mesmo jeito
sempre da mesma morte.
Vivos,
pelo menos em nossa memória serão.

Ali na calada da noite
ou à luz do dia
pelo Estado detonados, pela sua dura mão

Mortos, torturados, dissecados pelo poder império
muito mais que entre si, entre os irmãos

Os mortos pelo Direito
Democrático, de respeito
este mundo ensurdecerão

Não tem como calar essas vozes
elas ecoam por mais que as tendam ao não

não há como ter isso como norte
porque é para o sul nossa direção!

Vocês nos matam
mas reproduzimos
para além da morte, o embrião

Nossos versos
cadenciam
num além vida
pra sempre entre nós é vida o que verão!
























* em alusão ao livro Abusado, o dono do Morro dona Marta, onde Caco Barcellos na nota do autor escreve: " Durante os quatro anos de produção do livro, muitos deles foram presos, torturados, mortos sempre de forma brutal. A experiência reforçou meu repúdio à cultura da punição perversa, contra quem já nasceu condenado a todas as formas de injustiça