quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Amor não (des)cartável

eu cato os cacos
mas não os deposito simplesmente
das pessoas que por mim passam
eu nunca deixo que vão por completo
e eu, sempre incompleta, tento preencher alguns vazios dos dos outros
amo palavras quebradas
sonhos
e aquela lucidez que te esbugalha os olhos no sexo
ou naquilo novo que tu vês
e que ninguém viu!
como uma criança
eu acho tudo novo
não consigo terminar muita coisa
porque estamos sempre caminhando
estamos sempre em possíveis projetos
mas os humanos são seres sem possibilidades
essa racionalidade
esse pé na estrada
ou esse escritório oito horas por dia!
pra quê?
o amor não pede formulários
nem data marcada
não se(me) descarte
mas a vida capital
escolhe as baixas que vai dar em sua
ou na vida dos descartáveis...






sábado, 6 de fevereiro de 2016

Menos um, mais nós

Não esperem de mim o sorriso
a palavra adocicada
a poesia simples
meu canto é de ódio
ódio de classes
ódio ensanguentado pela injustiça
Nem esperem o verbo longo e descritivo
minha palavra é curta sim! é grossa
um camarada tomba
uma bala na cabeça
uma emboscada
uma traição
somos traídos todo dia pelo patrão
somos embocados nas cadeias, nos manicômios
e até nas escolas
o chão das fábricas, mesmo que pós-modernas,
ainda nos coisificam
e ainda, em pleno século 21,
nos cobram vírgulas nos enfrentamentos
aspas nos eufemismos
menos tinta nas palavras!
Não me peçam que refresque vossa memória
um de nós foi dizimado
muitos de nós todos os dias!
O que nós continuaremos
é atirar(tirar!) contra vós
nossas palavras
nossas liberdades
nossas utopias cercadas de alguma verdade
Nós somos loucos
e os loucos sempre dizem da razão abalada