segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Julieta

Julieta

Um nome e duas rodas
Desde Shakespeare, paixão
Julieta é nome de amor
Loucura, força, missão.

Como pode essa coragem?
Sozinha de bike levando ternura
Levando riso
Doçura

Julieta agora é morte
Dos(as) algozes, fissura
Mas será vingança-palhaça
Renovado o amor-figura.

            Laila Vieira de Oliveira, palhaça Pororoca

terça-feira, 4 de abril de 2023

Vida e morte felina

 Dia desses ouvi um barulho estranho, como um som de gemidos de gatos, de gatos filhotes. Fui tentando entender de onde vinham os sons, e pedi minha tia para verificar, eram gatinhos filhotes escondidos. A mãe gata escolheu uma moita na base de um coqueiro nascido no nosso quintal(dizem que quando estão para parir, escolhem um lugar seguro para tal). Eram três gatinhos. Até aí tudo bem.

Só que passado um dia, foi-se embora a mãe com dois filhotes, e deixou um no choro e desespero lá sozinho, escondido entre os matinhos. 

O gatinho chorou dia e noite. Eu não dormi nada naquela noite, e no dia seguinte minha mãe tentou descobrir entre a vizinhança de quem era o bicho, caçoaram, falaram pra ela cuidar, pensei, repensei, falei pra ela pra tentarmos dar leite. Ela disse que era tão pequeno que nem ia dar conta de tomar leite, que teria que ser com a seringa. Ela, aposentada como auxiliar de enfermagem, tinha luva de porcedimento e seringa. Pois sim, foi lá e colocou leite na seringa, pegou o gato com a mão e o bichano nada de abrir os olhos, nada de tomar o leite.

O bicho estava decidido a só chorar...

E pensamos que talvez morreria ali.

Preocupadas procuramos informações, e descobrimos que a mãe o deixara ali porque provavelmente era doente.

Tínhamos que sair de casa, e íamos dormir fora. Só que durante o dia a mãe gata retornou no quintal, e eu disse:" Mãe! Ela defe que veio buscar o filhotinho". Deixamos o cenário favorável para que ela pudesse ir lá pegar o filhote, mas nada dela ir lá. Saímos de casa, deixamos recado para minha tia observar. E nada dela pegar o filhote até na noite desse dia.

Chegamos no dia seguinte, a primeira ação da minha mãe foi olhar entre o matinho, e deu-se a decoberta:" A gata levou mesmo o filhote!", disse a minha mãe. E ela acrescentou:" A gente fica emocionada com a natureza, né?"

Tal é a sabedoria da natureza que ficamos pensando em nossa ansiedade e na tranquilidade da mãe gata...















terça-feira, 2 de agosto de 2022

Culinária poética



Tem gente que faz arte com sons
Outras com o corpo
Por acobracias uns.
Por junção de rimas outros.
Tem quem consiga artificar sabores
Se de plantas comestíveis, aromas.
Se de temperos, picantes. 
Eu arrisco-me com palavras
Cozinho-as na semântica
Frito-as metaforicamente.
Pra come-las em poesia, prosa ou literatura corrida.




sábado, 2 de julho de 2022

Amizade Animalesca

 Um amigo meu, amigo desses que, você briga de verdade, assume as suas merdas, ouve as merdas dele, amigo de fé mesmo. Bem, esse meu amigo saiu de Belo Horizonte. Saiu para um trabalho numa cidade de São Paulo; não vou citar a cidade, nem mesmo o nome do amigo, embora ele, em seu coração generoso, me tenha permitido cronicizar sua história. Então, eu nem sei se o gênero crônica admite essa verbalização aí, mas se permitiram a Guimarães Rosa inventar palavras, que inventemos também nós! Mas vamos ao meu amigo, ele foi para esta cidade, e pela primeira vez, por volta de seus quase 30 anos, morando sozinho, deparou -se com todos os afazeres domésticos, coisas que ele já sabia fazer desde cedo( que maravilha de mãe pra ensinar isso pra um menino!), e também com todas as intempéries que uma habitação solitária traz.

Bom, eu desperto numa madrugada, como é de praxe em minha vida de quase sempre insone, e me deparo com uma mensagem no whatsapp, e uma foto de um gambá, mas não era um simples gambá. Um desses das histórias de familias do interior, ou dessas fotos de livros de geografia, ciências da escola. Era um gambá digno de um filme de terror! Soltei -lhe por mensagem um belo e ressonante:" Puta que pariu!" E ele me responde que o bendito animalzinho encarou-lhe olho no olho. Eu, em meio ao meu pânico, e também minha curiosidade, disse -lhe:" Eu entregaria as chaves da casa! Sinceramente, esse gambá é proprietário do imóvel!" Ele sorriu com meu medo, e eu, divagando entre o medo, mas também a muito interesse de porquê surgiu, no meio de uma cidade grande, um gambá com personalidade. Permiti-me deixar o pensamento saltar em viagens inimagináveis.

Afinal, os animais são mesmo os donos em primeira instância do mundo, nós lhes roubamos essa propriedade, e eles, genuinamente, nos causam esses sustos às vezes.




domingo, 13 de março de 2022

As bobagens de Rafael

                  Dia desses no bairro, à noite, caminhando para resolver algumas coisas para um dos meus irmãos, vi uma lanchonete, um trailler desses que fazem sanduíches e pensei:" Na volta vou comer um sanduíche ali!". Não muito apegada a essas comidas de rua(sem crise, nem preconceito. Pai e mãe não eram de nos levar pra comer essas coisas, lá em casa sempre era rango mesmo: arroz, feijão...e os festejos igrejeiros, na maioria eram com: vaca atolada, caldos. Ou seja, comida de casa...rs), às vezes me pega a vontade. Fiz a tarefa, voltei caminhando, e parei no tal trailler. Pedi um tal "X egg burguer" e fiquei sentada, observando o movimento ali, os entregadores e clientes, e às vezes o celular. 

                  Depois de alguns minutos observo duas famílias chegando. Uma com um menino por volta de 9 anos, adultos, avó. Outra, já na mesa ao meu lado, com: pai, mãe e duas crianças. Uma menina de uns 4 anos e Rafael!( vou chamá-lo assim para claro, poupar seu nome verdadeiro, mas não perder a essência da rima!). Rafael creio que tem por volta de dois anos e meio. Conhece bem a maioria das palavras, mas, naquele momento insistia em dizer:" Bobo!". Parecia extremamente irritado, às vezes chorava um pouco, era agressivo. A mãe chamava sua atenção, ora se levantava da sua cadeira, abaixava-se na altura do filho e dizia: "Vou te levar pra casa e deixar o papai e sua irmã aqui!". Eu observava, sorria para ele, e seguiam as angústias e a palavra: "Bobo!" balbuciada por ele sempre. Em um momento, olhei pra ele, sorri e disse:" Eu acho Rafael, Rafael o seu nome, né? Ele acenava que sim com a cabeça e os pais observavam. "Então, eu acho que você não sabe bem o que é bobo, mas está testando o sentido da palavra, né?". Quase pensando:" Em quê essa palavra ofende tanto?"

                   Os pais me olhavam com certa curiosidade, a mãe parecia envergonhada, o pai, parecia um professor/pesquisador , desses que também observava como se visse uma hipótese.  Passou um pouco, Rafael acalmou, meu sanduíche chegou, o deles ainda não, e comecei a comer. Rafael me olhou, e eu:" E de quê será o seu sanduíche?" Ele me olha, não diz nada, mas já está calmo. O pai olha esperando a resposta, a mãe também, e a irmã curiosa também pela cena. Eu sigo:" No seu sanduíche vai ter ovo?" Ele: "Não!" Eu: "E queijo?" Ele:" Não!", mas já sorrindo como se estivesse numa brincadeira. Eu:" E carne?" Ele: "Não!" Eu: "Ah você é vegetariano!!!!" Ele: "Não!"( eu observo tantos "nãos" e penso no quanto dizemos isso às crianças!) A irmã:" Uai, então não vai ter nada, só pão!" Todos dão gargalhadas e Rafael segue observando a conversa. A irmã diz que o dela terá batata, como se também quisesse ser observada. Eu:" Muito bom batata, né?" Ela: Sim, eu gosto de batata porque é crocante!". Eu: Ah sim! Dá uma tristeza quando a batata não tá crocante, né?". Pai e mãe riem.

                 Eu termino meu sanduíche e saio da mesa, limpo as coisas, pago e dou tchau pra eles. Rafael diz: "Tchau!" Como se tivesse ganhado uma amiga. Eu retribuo...

                 Volto pra casa com minhas tristezas por perda dura nos últimos dias, com a mesma vontade  de esbravejar, espernear, me revoltar que Rafael! E sabendo que, sendo adulta, praticamente perdi esse direito. Entretanto, feliz por ter ofertado graça*, afeto e calmaria para aquela família. Sabendo que falta muito para nossa sociedade aprender a acolher crianças(mesas, cadeiras, menos "nãos"...), e que é preciso paciência e sabedoria para entender que são sujeitos de sua história. Rafael sorriu e se despediu. Eu, de cá com minhas pesquisas da infância, com a curiosidade sobre isso, me acalmei...




* A Pororoca esteve lá sem máscara e sem figurino...<3 rs







quarta-feira, 24 de novembro de 2021

O ENEM, O Brasil e a juventude

 

 

                                                    O ENEM, O Brasil e a juventude.

O tema “ Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil"

                           O Exame Nacional do Ensino Médio é uma avaliação, avaliação nacional! Só de ser nacional, pensando no Brasil sendo um país com essa dimensão(diversidade!!!) territorial, habitacional, populacional, cultural e econômica já é um começo de despautério ele existir nos moldes em que existe.

                          E domingo, deparando-me[1] com o tema da prova de redação do ENEM 2021, quase tive um ataque cardíaco! Sim! Parece apenas drama, mas em vistas do que estamos vivenciado no Brasil desde 2016 com Temer e suas companhias, e mais precisamente em 2018, e começo de 2019 na gestão de Bolsonaro e sua corja, é praticamente impossível não ter arritmias cardíacas ou possíveis crises de ansiedade diante de tanta barbaridade! Mais de 600 mil pessoas mortas, milhares de órfãos, milhares de famílias sem as aposentadorias dos avós que sustentavam uma parte considerável dos brasileiros, desemprego extremo, violência sem parar, e fome! O Brasil, que mesmo com todas as questões posteriores, havia avançado consideravelmente no índice de pessoas que fazem três refeições por dia, retornou, desde a política nefasta implantada por Temer e consolidada por Bolsonaro, a índices absurdos de famintos!

                E por que essa digressão toda até chegar ao ENEM? Por que não dá para falar de ENEM sem falar de Brasil, sem falar de desigualdades, sem falar de quem manda, quem define a política nacional. E, por mais que boa parte da esquerda esteva festejando o fato de o tema da prova da redação ser sobre inclusão[2], sobre garantia de cidadania, de registro civil, eu gostaria de fazer perguntas: Será mesmo que colocar uma temática dessas, num momento desses, sem que a maioria da juventude que faz o ENEM a tenha lido, estudado e debatido, é uma possibilidade de colocar o debate? Se o ENEM é um espaço para demonstração do saber e de seleção para entrada e acesso à Universidade Pública, não estaria então o INEP realmente selecionando os já eleitos socialmente[3] para travar uma discussão tão arenosa? E sério mesmo que vocês acreditam que uma prova pode mudar a correlação de forças políticas atuais?

                 Outra questão que vale uma reflexão sem medo é o fato de o título da proposta de redação causar ambiguidades e dificuldades na interpretação sobre o que se está pedindo realmente para o estudante. Ora parece que se trata de imigrante, ora parece que se trata de nome social, ora a ideia se aproxima do fato de uma parte considerável da população brasileira não ter acesso à documentação civil. Bom, se por um lado nós podemos ficar felizes que, após as declarações de Bolsonaro, os(as/es) trabalhadores(as/es) do INEP conseguiram que fosse para a prova um tema que debatesse inclusão, por outro estamos diante de um país com uma população ainda imensa de analfabetos reais, de analfabetos funcionais[4], e, até mesmo de pessoas que dominando a linguagem, e a reflexão podem fazer um texto dissertativo (outro debate importantíssimo! Muitos de nós não sabemos a diferença dos gêneros discursivos!! Eu só sei porque tive Luiza de Marilac como professora no Ensino Médio Público), mas não fazem ideia, por exemplo, o que é imigração ou transexualidade[5] para fazer um texto que tenha o mínimo de argumentos possíveis para chegar à uma nota que faça este estudante ser aprovado. Além disso, na seara colocada ultimamente, o uso do pronome neutro[6] tem sido um debate e uma dispensação intensa de transfobia até mesmo entre os intelectuais!!! O uso de termos como “todes”, “elu”, e vários outros que eu ainda não conheço e que tenho adentrado na aprendizagem, e que são tratados de forma preconceituosa, podem colocar o estudante numa encruzilhada ao tentar escrever. Precisamos urgentemente retomar o debate da língua como uma construção social, e aqui estamos falando de posicionamento político! Até mesmo a língua é passível deste debate, e neste debate eu sou Bakhtiniana, marxista! A língua é arma de luta, mas no ENEM, se posicionar pode ser motivo de reprovação. Por isso, defendo uma língua/linguagem que seja lida e tratada como uma construção social que, inclusive(!!!), faça luta de classes, faça Revolução, destrua esse marco civilizatório atual, e construa um em que todos(as/es) tenham educação e acesso à língua de verdade!

             Por fim, para escrever um texto, um jovem precisa ter autonomia e segurança. Além de ter espaço para refletir o que precisa escrever. E, na maioria das vezes, não somos preparados para escrever de forma segura como a proposta de redação do ENEM pede. A língua não pode ser vista de como um terreno de eleitos, mas ela ainda o é! A escrita continua sendo uma arte da classe dominante na maioria das vezes. Lutar para que o ENEM realmente seja de todos(TODES) é lutar por Educação de verdade nesse país, e isso não está acontecendo em muitos setores que se dizem progressistas e de luta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

PS: ( até mesmo quem defende o ENEM, se contradiz!): "Esses indivíduos vivem à margem de direitos sociais, sendo, então, relevante, a discussão sobre a temática. O tema foi difícil, subiram de nível, principalmente pela expressão “registro civil”. Temos que ver os recortes dos temas integradores para uma análise mais aprofundada", diz.[7]

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Temas da redação dos últimos 5 anos:

Enem 2020: “O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”

Enem 2019: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"

Enem 2018: "Manipulação do comportamento de usuário pelo controle de dados na internet"

Enem 2017: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”

Enem Reaplicação 2016: "Caminhos para combater o racismo no Brasil"

Enem 2016: "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 



[1] Eu sou graduada em Letras, estudei na UFMG. Sou mestre em Educação, estudei na UFOP. Não sou trabalhadora da Educação no momento, mas já estive como educadora no sistema socioeducativo, já fui professora de Português, Redação e Espanhol em cursinhos populares, dou aulas particulares de Português, Redação e Orientação em Escrita.

[2] Sobre inclusão e a contradição dessa palavra, ouçam o podcast: Mano A Mano com a presença de Taís Araújo e Lázaro Ramos.

[3] Os já eleitos socialmente são os estudantes com acesso à cursinhos pré-vestibulares, aulas de inglês, tempo livre para estudar!

[4] Pessoas que conseguem ler um texto, mas não conseguem compreender o que ele diz, e não estou falando de dislexia, mas de uma funcionalidade que é necessária para ter acesso à leitura de um texto. Talvez lembrar de Bakhtin!!!!

[5] E aqui eu vou me colocar no lugar de alguém que não conhece teoricamente com profundidade este tema, e, em 17 anos trabalhando como professora, educadora, arte educadora, educadora social, esta é a primeira vez que tenho jovens trans em minhas turmas. BIZARRO!!!

[6] A questão está colocada, e eu não sou transexual, e eu mesmo sendo formada em Letras, não questiono o uso dos termos, porque é preciso construir algo que represente essas pessoas, e elas o estão fazendo!

domingo, 24 de janeiro de 2021

Rildo, um brasileiro

 


 

 

Santana de São Francisco é uma cidade simpática e sorrateira; embora possa arvorar-se ter, entranhada em suas veias, um dos maiores rios do Brasil, o Rio São Francisco! E nela também, embora não possa comparar-se à outra cidade Sergipana em histórias dignas de realismo fantástico, a grande Poço Redondo (esta terá outros capítulos cronificados ainda!), há habitantes um tanto quanto peculiares. É o caso de Rildo( o nome, obviamente é falso, ou fictício, como os escritores experientes e sofisticados gostam de escrever. É preciso garantir o sigilo das coisas), um homem que trabalha com construção. Um pedreiro, mas que em conjunto com outros trabalhadores, torna-se um humorista, um contador de causos, um imitador, um brasileiro, por isso mesmo, um artista!

 

Pois bem, Rildo, ao conhecer-me não se fez de rogado; e, acreditando poder (e que boa essa crença do ser humano!) confiar suas anedotas a mim, trocamos várias palavras, entre uma parede rebocada, ou um andaime construído. Ele, ao saber que eu, uma mulher, mulher não mãe, nem casada, me punha entre os homens, livremente, para contar piadas(coisa que ainda se vê pouco num Brasil do século XXI, onde se dividem:" conversas de homens, e de mulheres”), ou fazê-lo lembrar de experiências de viagens e contatos com falantes de outros sotaques, achou de imitar um catarinense! E o fez com tanta maestria, que ora ou outra, durante minha estadia em Santana, o pedia que repetisse. Rildo consegue, entre risos debochados, olhares que "ao mangar" dos outros, distribui sorrisos entre os(as) presentes! Imita desde a fala de um, até os trejeitos de outros, e também os resmungos de um terceiro!

Ao me despedir de todos os homens trabalhadores presentes, o único a encorajar-se para um abraço foi Rildo, e foi acompanhado pelos olhares de todos os outros homens, a maioria abaixo dos 25 anos, e com um acanhamento talvez mais da idade, que da geografia de onde vivem. Rildo cultiva o sorriso do brasileiro, daquele que, além de trabalhar duro na quentura nordestina, ainda acha tempo e sensibilidade pra alegrar os outros mesmo num momento de tanta dor e tanta perda. Rildo é esperança, Rildo somos nós...