segunda-feira, 29 de abril de 2013

A dor do mundo

O mundo tá me pesando nas costas,
anda me dando
me dando nos nervos

A dos dos outros
não era tão nossa
hoje não me dá
sossego.

O mundo da morte
e da perda
antes era só parafina.

Se hoje ele é mais
do que vejo,
queima e combusta
como gasolina.

                                              dia 23/08/2012 voltando do centro da dor do mundo


                                                   

domingo, 28 de abril de 2013

CARTA DE BELO HORIZONTE POR UMA POLÍTICA CIDADÃ SOBRE DROGAS


Os participantes do SEMINÁRIO DROGAS E CIDADES: PENSAMENTOS PARA UMA PRÁTICA CIDADÔ, realizado em Belo Horizonte, nos dias 14 a 16 de março de 2013 declaram:


- como cidadãos, responsáveis e atuantes nas políticas públicas sobre drogas, repudiamos as ações higienistas, violentas e repressivas de tratamento aos usuários de drogas, em especial de crack, levadas a cabo e divulgadas como solução do problema nas grandes cidades, destacadamente no Rio de Janeiro e São Paulo;
- que as chamadas cracolândias antes de serem a “pátria dos craqueiros” é um território de esquecidos e abandonados pela cidade e poder público, devendo as intervenções públicas fortalecerem os direitos de cidadania dos moradores destes territórios e dos usuários que ali se concentram para fazer uso de drogas, e não recolhê-los indiscriminadamente. Ao contrário, deve-se investir no laço e vínculo com os mesmos, trazendo-os para a rede de tratamento e assistência;
- não aceitamos nem tampouco defendemos a realização das chamadas internações compulsórias e involuntárias como recurso primeiro e em massa dos usuários. Tais ações não cuidam, apontam o fracasso clínico e social de busca do consentimento ao cuidado e são, na prática, um ato de seqüestro de direitos;
na mesma medida repudiamos a implantação das propostas políticas do Governo do Estado de Minas Gerais, em particular, o Cartão Aliança pela Vida e o Território Aliança. Todas são estratégias centradas na lógica da exclusão e da segregação e favorecem e defendem os interesses privados em detrimento do bem público. Uma relação histórica, questionável por parte do Governo do Estado que reduz a saúde a um bem de mercado e não de cidadania, e o cuidado a um ato de vigilância, controle e repressão;
- repudiamos aquelas comunidades terapêuticas que violam os direitos humanos e propomos que a possível inserção desse setor na rede poderá ser feita como serviço de atenção em regime residencial ou projetos de inclusão produtiva, respeitando as exigências da Portaria Ministerial nº 131, de 26 de janeiro de 2012;
- repudiamos as intervenções do Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública que, ao contrário da proteção aos direitos do cidadão, tem repercutido o alarme e desencadeado ações que fragilizam os usuários, os inscrevem como classe perigosa e perpetuam o preconceito e o estigma em relação aos mesmos;
- repudiamos a opção por um modelo de saúde privatizado, com transferência de responsabilidade estatal na gestão dos serviços, que além de não permitir a estruturação de uma política de estado sobre drogas, também precariza as relações de trabalho, impondo a redução de direitos a usuários e trabalhadores;
lamentamos a opção e posição do governo federal em acolher e dialogar apenas com representantes do discurso repressivo e moral, ignorando as posições e propostas dos movimentos sociais comprometidos com a construção de políticas públicas e com a defesa dos direitos sociais e humanos e da IV Conferência Nacional de Saúde Mental e XIV Conferência Nacional de Saúde. Tal escolha conduziu à formatação de uma política que incluiu no SUS espaços de reclusão além de estimular a privatização da assistência em saúde;
- que a chamada “guerra às drogas” além de ineficaz é danosa, produz mais mortes do que o seu uso, intensifica a violência e desperdiça recursos públicos, além de sustentar a ilusória crença na possibilidade de um mundo sem drogas;
- defendemos para Belo Horizonte, em razão e coerência com a história da Luta Antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica aqui implantada, assim como para todo município brasileiro, uma política de atenção aos usuários de álcool e outras drogas ousada, corajosa e inovadora e não a repetição de velhas fórmulas e respostas apressadas, mágicas, a uma questão tão delicada e complexa e intrinsecamente associada aos valores contemporâneos, cujas marcas podemos ler nos novos modos de relação dos sujeitos com as drogas;
- defendemos, no caso específico para esta cidade, a criação de mais CERSAM-ad III conforme decisão da III Conferência Municipal de Saúde Mental e afirmamos ser inaceitável a existência de apenas uma unidade deste tipo. Não há como fazer frente ao alarme e busca de soluções mágicas, sem apresentar respostas públicas de qualidade e potentes;
- defendemos, para as crianças e adolescentes, em especial as que se encontram em situação de rua, a implantação de políticas que as conduzam e insiram na cidadania e rompam com a exclusão e o encarceramento precoce a que têm sido submetidas;
- defendemos a implantação de leitos em hospital geral para cuidado às urgências e necessidades clínicas dos usuários, superando a resposta inadequada dada pelos hospitais psiquiátricos e comunidades terapêuticas, ambos, destituídos de condições e estrutura para realização deste cuidado;
- defendemos Consultórios de Rua públicos, invenção recente, audaciosa e criativa, que levou a saúde mental ao encontro de uma realidade até então desconhecida pelas políticas públicas, fazendo chegar às redes histórias de vida nas quais a droga é um dos elementos, e o elemento, da desfiliação e fragilidade, cuja implantação exigiu coragem e decisão de fazê-lo e orientou-se pelos pressupostos da redução de danos e da reforma psiquiátrica para desvelar aquilo que a exclusão encobria: a vida presente nas cenas de uso. Por isto, repudiamos, mais uma vez, o arremedo de consultório proposto pelo Governo de Minas Gerais, através do Território Aliança, cuja capacidade de atuar em coerência com tais princípios está comprometida de saída, na medida em que serão executados por instituições que operam com a estratégia da abstinência, de captação de usuários para seu serviço e a lógica do lucro;
- defendemos que as políticas públicas, de forma ampla, e os serviços de saúde mental e seus trabalhadores, em particular, adotem e operem com os pressupostos da redução de danos, fomentando a construção de outra cultura clínica, mas, sobretudo, cuidando solidariamente dos usuários;
- defendemos ainda, que a resposta urgente e necessária do poder público não se restrinja à saúde, mas incorpore todas as áreas públicas: trabalho, habitação, educação, cultura, arte, esporte, justiça, segurança pública e assistência social, sendo, portanto e efetivamente, intersetorial para dar acesso à cidadania e fazer valer o direito à vida;
- defendemos a criação de espaços de interlocução entre a saúde e o judiciário, favorecendo, além da aproximação entre as instituições, a defesa e o fortalecimento dos direitos de cidadania dos que usam e abusam de drogas;
- repudiamos o PL 7663/2010 e seu substitutivo em função do retrocesso a que os mesmos podem conduzir a política de drogas e das ameaças aos direitos sociais que tais propostas podem acarretar;
- repudiamos a escolha e a permanência do deputado federal Marcos Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara e, assim como os milhares de manifestações, afirmamos que o mesmo não nos representa;
- denunciamos e repudiamos as ofensas e acusações feitas pelo deputado federal Givaldo Carimbão (PSB/AL) ao Conselho Federal de Psicologia e, como cidadãos, exigimos que o parlamentar seja responsabilizado por tais atos.
Uma cidade somente será o oposto do deserto que a limita, quando criar em si, em seu solo as condições para incluir a todos, para fazer valer a vida e não o lucro ou o capital, o homem e seus sonhos e capacidades, tristezas e realizações, tecendo, dia a dia, ponto a ponto, os invisíveis fios que unem uns aos outros na construção da história. Desejamos a Belo Horizonte a possibilidade de cumprir seu desígnio: ser um horizonte aberto, convidativo para todos e em especial para seus cidadãos. Uma referência no atlas ancorado no respeito à dignidade humana.

Belo Horizonte, 16 de Março de 2013





terça-feira, 23 de abril de 2013

Por uma outra sabotagem

                 A primeira vez que entendi de verdade o que era sabotagem, e sabotagem revolucionária, foi quando vi o filme alemão: Edukators. Não ficou muito claro qual o propósito dos três jovens na primeira vez que vi, nem se eles tinham exatamente um propósito, e isso não vem ao caso, afinal falamos de ficção, que, tendo ou não propósito, sempre propõe. O que é mais marcante é que eles tem muito claro que serão traídos pelo empresário, e, o que querem, viver talvez aquele amor livre, e também fazer a sabotagem comunicativa!
                 Bom, uma vez, numa atividade de estudantes universitários fui chamada junto com o Julio Primo(CMI à época! ainda hoje Julio?)  para falarmos de mídia e poder, a fala foi legal pra danar, e um dos estudantes perguntou:" e dá para sabotar?" Eu ri e disse:" bom, eu ainda não sei como, mas topo quem sabe?"
                O que é claro para mim, é que sabotagem é um recurso utilizado reiteradamente pela direita! E embora o seja, a gente nunca fica sabendo! Por quê será? Ah! Adivinhem?! Porque a direita(ou o que quisermos chamar: classe dominante, empresários, burguesia, sei lá!) domina a comunicação no mundo! E aí meus caros, nós, como diria Rubens Paiva: que nascemos do lado de lá dos trilhos...Nós não alcançamos a profundidade dessa sabotagem e muito menos uma possibilidade de derrubá-la, pelo menos por enquanto! Claro, porque é preciso saber que existe e lutar para derrubar.
                Bem, e enquanto a gente não derruba é preciso outras sabotagens. Se o movimento de toda a juventude européia não alcança a rede vigente ele ocupa outras. Se o Movimento de Porto Alegre que coloca milhares de pessoas nas ruas e consegue passar na mídia dominante, e, ainda atinge o objetivo de não aumento das passagens de ônibus, ele não consegue mostrar na TV uma cena absurda de mais ou menos trinta policiais do Choque literalmente passando em cima de um jovem que eu, pelo menos até hoje, não sei se está vivo ou morto. É disso que estamos falando. De Tvs, rádios, jornais e etc, que se prezam a deixar toda a a população sem ver uma cena como essa e dedica mais de uma hora de sua programação para dois pastores* de projeção hegemônica no país; e eu não vou citar o nome deles porque eu também os divulgaria, para continuarem dizendo mentiras, absurdos e distribuindo seus preconceitos em rede nacional! É por aí que passa esse debate possível. Se nós não conseguimos alcançar uma parcela mínima de pessoas para organizar um ato sequer a Tv consegue alavancar milhões em minutos!
                E aí? Onde entrariam as outras sabotagens? Bom, talvez em espaços pequenos da educação, talvez em debates curtos, mas extremamente importantes! Essa digressão toda é para apresentar um lugar chamado: Cine Clube Sabotage. Sim! Um espaço aberto nas noites de quinta e "fechado" para estudantes da Escola Alcida Torres no Bairro Taquaril, regional Leste de Belo Horizonte. Na primeira vez em que fui chamada para o debate com o Cine Clube Sabotage, viajei na sabotagem! E tive claro que era uma ótima sabotagem aquilo! Sabotando a regularidade da escola, sabotando a cabeça cinematográfica para o cinema industrial, sabotando as ideias, o pensamento de crianças e adolescentes! Afinal a sabotagem do mal(com cuidado pois bem e mal são debates mais amplos!) consegue todo dia encucar neles um ideal de sociedade! É ali, numa sala no fundo da escola, quase como um esconderijo que se sabota todas as quintas, de manhã, à tarde, ou à noite um pensamento, sabota para construir outras relações, para tentar refazer algumas relações, para descobrir o quanto esses jovens são violentados todos os dias em todos os sentidos! É ali também que se pode descobrir que sabotar é de uma delícia impagável! Como por exemplo falar de amizade com fotografias de Haideé Santamaria, Ernesto Guevara, Fidel Castro, Camilo Cienfuegos, Gandhi e Hélder Câmara! Ali a gente mistura uma vida que a gente tem com uma vida que a gente quer!
                Assim, eu descobri que sabotar é preciso, ao mesmo tempo que construir outra comunicação é urgente! Descobrindo caminhos, forjando outras possibilidades! Afinal:"todo coração é uma célula revolucionária!" E aguardem senhores do poder porque além do Cine Clube Sabotage, com nome de rapper da luta, BH tá sabotando muito mais!




                                            



        

* quando cito os pastores não retiro a capacidade da igreja católica por exemplo ser uma demonstração de domínio de pensamento! E também não me esqueço que em todas as religiões há os conservadores e os progressistas e o quanto os mesmos contribuíram e contribuem para a construção do novo!




sábado, 20 de abril de 2013

Pagodeando pela liberdade!


                                     




Ocupa a rua com pagode
samba na porta da casa
debaixo da janela
batuca no ouvido do moço

Faz um choro na cara da doninha
grita
grita que não aceita!

Berra que a diferença
não é indiferente!

Faz barulho com pé
com boca
tambor
cavaquinho
e corpo de brasileiro

porque somos muitos
diferentes
com direitos
conquistados ou não!
E NÃO
aceitamos vossa violência
mascarada
ou real
simbólica
ou na tora!

Nós OCUPAMOS
o que é de todos
mesmo que achem que
para poucos!

A gente pagodeia
festeja
arrasta o pé e balança os quadris
Porque não compactuamos
com o seu desrespeito!

A gente acredita
em mais que o que você pode pensar
e constrói apesar de tudo!




quarta-feira, 17 de abril de 2013

Cidade-muro

Para nascer
a cidade-muro
matou parte da liberdade!

Sendo nova
ela se amordaçou
se fechou
algemou
conceituou-se para defender-se

A cidade-muro não se contenta
inconstante, mas sólida
conseguiu fincar-se no solo central

Não se fez sozinha
mas, arrogante, articulou-se aos de cima!

A cidade-muro
embarreira o nascer de outras cidades
porque não admite
o diferente
ou apenas diferenciar-se...

                                                                                        01/04/2012







segunda-feira, 8 de abril de 2013

Se a palavra valesse...

Se a palavra valesse algo
diria o poeta um Pare!
Se a força da voz se
estendesse
soltaria um canto de rebeldia!

Se o sopro do sussurro
recortasse o céu
o trovador
diria ao tempo
que Basta!

Se somente as cordas vocais
fossem suficientes
os ouvidos escutariam
dia e noite
além do clamor
o Grito!

Mas a palavra é frágil
o poder é maior que ela
a força bruta
se encontra dissolvida
diluída entre os poderes

A violência
além de viva
é simbólica!
E o medo se sobrepõe
Mas não vence sempre!

O medo, sendo moda
pode acabar
Porque além de vozes
temos mãos
temos braços
temos corpos
temos mentes!

A força que à força
nos persegue
não vence sempre
e é dizimada
por forças de vidas verdadeiras
e não por uma mentira repetida...







sexta-feira, 5 de abril de 2013

De onde vem o tiro?

"Eu vivo sem saber até quando ainda estou vivo
Sem saber o calibre do perigo
Eu não sei d'aonde vem o tiro", música: O calibre, Os Paralamas do Sucesso



Nunca se sabe de onde vem nenhum dos tiros que a gente leva na vida. O tiro aqui vem para conotar uma forma de ser traído, de perder direitos, de sofrer uma violência e também tomar literalmente um tiro!
Meu pai nos contou que na juventude, no interior, eles usavam umas armas de baixo calibre(garruchas), ele diz que eles usavam para matar pássaros, para se defender de bichos na volta dos bailes, e também, claro, para demonstrar poder entre os colegas. Acontece que eram tempos distintos da evolução das forças produtivas, eram tempos de campo mais populoso que cidade e de vida muito diferente, de não urbanização forçada, de menos especulação imobiliária e, de um ideal de vida muito menos do ter e mais de ser gente. Acontece que a coisa mudou e também os tiros aumentaram.
Os tiros vem de toda parte, um tiro pelas costas do patrão, um tiro na cara do policial que acredita que defende um estado de coisas que à ele mesmo oprime, de um comércio ilegal de substâncias tornadas ilícitas pelos que as consomem aos montes, os tiros vem à reboque junto com uma política atrasada, junto com uma ideia de mundo primitiva! Os tiros ocupam o espaço das vidas, cruzando as avenidas, as ruas, vielas e becos. Eles rasgam o céu sem querer saber onde atingem, eles fazem parte de um jogo de poder dos que detém o monopólio da venda das armas. Eles são daqueles que se deitam todos os dias imunes à realidade dos esfacelados, mortos, inválidos pelos calibres mais pesados de uma sociedade que aponta fuzis e ideias retrógradas pois acreditam que são melhores do que os que são atingidos pelos cartuchos da dominação:" vai saber porque tentaram matá-lo, né?"*
Tomei muitos tiros na vida! Vários! De todas as conotações! Em outubro de 1996 eu morri um pouco junto com um morador do bairro Borges em Sabará, ele morre no fim de uma tarde, e os seus algozes nem correm ao terminar o "serviço", vão caminhando de volta para não sei onde. Um acerto de contas? Uma vingança? Ele mereceu? Morri um pouco junto também quando em 2004 minha mãe por telefone(eu morava em SP) me avisa que o pai de dois meninos que nasceram depois dessa morte de 1996, pela qual me parece haver alguma relação, é morto numa praça, numa festa diante dos filhos e o filho mais velho:" deram muitos tiros no meu pai!" Esses filhos hoje estão lá, nós sabemos como, cada um carregando dores e alegrias.
A gente parece morrer a cada notícia de morte, a gente tenta se levantar, mesmo sendo bem difícil! O que os que atiram a qualquer preço não sabem é que nós mantemos armas guardadas,
as nossas tem um alto poder destrutivo, mas elas destroem ideias atrasadas, elas derrubam preconceitos consolidados, ela não se furtam à debater o que está acontecendo na REAL!
Os tiros cessarão e sobrará fogos e estouros mas de festa porque mesmo em meio à dor nós construímos vidas!










* comentário de policial no dia 4 de abril à noite quando solicito informações sobre jovem baleado por outros dois jovens em plena tarde no bairro santa efigênia(por ironia esse bairro tem uma Igreja católica que se chama: Santa Efigênia dos militares) e socorrido por dois policiais imediatamente numa viatura.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Eu defendo sim, defendo Cuba, a Revolução Cubana e outras mais!




                               Bom o texto, foi postado no facebook de um dos meus “amigos” do facebook. O susto foi grande! O Texto: “Quem defende a Revolução Cubana ?”A expectativa do que estava para ser lido também.  A leitura foi feita, leitura compassada sem alguns entendimentos aprofundados de economia, mas sem crise, afinal  entender de economia não é para qualquer um. E aí eu entro no debate, sem muito embasamento, sem muita clareza do específico: econômico/político talvez...mas eu entro! Eu defendo Cuba! Defendo a Revolução Cubana. E não só Cuba, mas a Venezuela, a Coreia do Norte, talvez a China?(acho estranho demais aquela economia capitalista/pensamento comunista!). Defendo sem paixões avassaladoras, mas com uma paixão que me remete às possibilidades. Eu não vivi experiências intensas e verdadeiras para fazer um debate tão mesquinho às vezes, com todo respeito à política de quem não defende e ainda agride!
                      Sim! Eu defendo Cuba, não defendo os irmãos Castro, nem o Castrismo! Assim como também defendo a Venezuela, mas tenho crises sérias com o chavismo, ou se for o caso, (SE FOR) o culto à personalidade! Nunca me interessei por aquilo que se fala de uma boca só, por isso nas leituras sobre a Revolução Cubana, me interessei por aquilo que o povo dizia, leituras amplas, leituras críticas. Também nas leituras sobre o processo revolucionário venezuelano sempre me interessou a leitura sobre as caravanas, as comunas, as formações do povo, os seus núcleos. O povo venezuelano fala de política quase 24h por dia! E fala com propriedade! Afinal acho bem difícil, milhões na rua daquele jeito se não estão se formando acerca do que se passa em seu país! Lembro da tal Yoani Sanchez sendo sabatinada por poucos no Roda Viva e uma pergunta:” Engraçado como você diz que há uma ditadura em Cuba e está praticamente toda a população a favor né?”
                Eu defendo também Cuba pela relação que a mesma mantém com o resto do mundo e não só ela, também a Venezuela. Impressionante como o texto não dá conta disso, porque não dizer da solidariedade? Por que não falar do que se faz para distribuir o que se conquistou? De ciência, de conhecimento?
           Eu defendo Cuba pelas críticas internas que se pode fazer, sei que existem muitos presos dissidentes do regime, e acho complexo o debate e não me furto a eles. Mas até onde sei, eles não passam por violações de direitos como os nossos prisioneiros e coloco aqui: TODO PRESO OU PRESA É UM PRESO(A) POLÍTICO! Descubramos a realidade e façamos o debate. Ah e também sobre o debate da saúde mental, o debate acerca da homossexualidade, sobre o lugar das mulheres, sobre os vários avanços que se deve fazer nesses pontos, mas ainda assim defendo!
           Eu defendo Cuba e os cubanos, aquelas mulheres, aquela juventude que se posiciona, aquela juventude também assolada por essas ideias do capitalismo( sem hipocrisia! Sempre!), eu vivi por quatro meses junto com militantes de organizações políticas de toda América Latina na cidade de Guararema SP,  e pude ouvir de um cubano presente os mais de 600 atentados sofridos por Fidel durante e depois do processo de tomada do país. Esse cubano tinha em 2008, 46 anos e fez parte da juventude do partido comunista e da guarda da marinha e eu e um camarada mexicano tivemos a oportunidade de ouvi-lo falar muito sobre como se divide o poder e da dificuldade em colocar gente nova nos cargos, mas da abertura que se fazia nesse sentido!  Eu defendo Cuba e os cubanos por ouvir da boca dele as críticas e os bons exemplos, e não de quem se acha no direito de dizer a partir de leituras, ou até de vivências, mas que deveriam muito mais é criticar sim o Castrismo a reabertura econômica, mas dar mais energia militante às lutas do nosso país que se afunda numa falsa democracia!
      Eu defendo Cuba, os cubanos e os lutadores da Serra Maestra, não pelo que conquistaram, mas pelo que tentaram ser na Serra e depois dela dentro do governo. Eu sofro por não saber bem porque Haideé SantaMaria decidiu se matar no dia 26 de julho e as minha críticas se baseiam nisso, em o que se passou com esta revolucionária? Mas sem deslegitimar o que foi e é feito! O que precisamos é ler, estudar, defender ou não, mas construir algo! E não colocar energia militante para destruição de camaradas quando deveríamos tratar de forçar o avanço da luta de classes em nossa realidade!
    Eu defendo Cuba pelos filmes que vi, pelos depoimentos REAIS de pessoas que lá estiveram e me disseram: “ perguntamos à um cubano: “você prefere o capitalismo ou o socialismo?” e ele nos respondeu: “prefiro a tranquilidade!” A resposta está dada né? Eu defendo a frase da camarada Alessandra Vieira: “ os cubanos e venezuelanos não abrirão mão daquilo que conquistaram para retroceder à uma realidade como a nossa!”
Precisamos descobrir muito sobre Cuba? Sim! Precisamos também fazer debates profundos e não acharmos que somente nossas ideias são suficientes e que as picuinhas entre partidos favoráveis ou não às Revoluções são suficientes para avançar na luta de classes!
Pela luta das ideias!




segunda-feira, 1 de abril de 2013

Os (de)eficientes...*

Se a gente está construindo um outro mundo, um mundo melhor, acho que precisaremos inventar outra língua! Disse essa frase à um amigo hoje...
Saio do trabalho, sigo para o ponto de ônibus, cinco pessoas paradas e uma pessoa sentada no chão...penso:"alguém passou mal", mas não, um senhor idoso, sentado, cheio de marcas, cheio de sangue, uma queda! Fico revoltada! A primeira coisa que verifico antes de colocar a mochila no chão e me sentar ao lado dele é: CALÇADA! ô desgraça! se me permitem! As malditas calçadas foram feitas para tudo, menos para o trânsito de pessoas, principalmente as (de)eficientes. E por quê insisto em colocar a palavra escrita nessa forma? Primeiro porque eu gosto de inventar mesmo, segundo porque a insistência ajuda na percepção, né Bruno Vieira? e outra, as palavras ajudam ou atrapalham quando queremos demonstrar carinho, atenção ou mesmo não ser preconceituosos. Acho que existem sim limitações e não uma deficiência em TODOS nós! Todos! Meu pai disse uma vez que um padre(rsrsr) disse num sermão em que ele estava: "a gente tem mania de achar que deficiente são aqueles que usam cadeiras de rodas, muletas, não enxergam...e esquecemos que nós todos temos uma deficiência, ou alguém aqui acha que pouca visão, astigmatismo, um pé torto, etc não é limitação?" Eu entrei em todas essas limitações (de)eficiências aí e as coloquei de propósito!
Gostei da reflexão do padre e entro nela no sentido da dificuldade do entendimento e na falta de cuidado das pessoas e dos poderes em relação aos limitados! Os ônibus, as calçadas, os ambientes, a vida!!!
O mundo é inadaptado aos limitados, e o mais louco é que os limitados, os deficientes são muito mais sem limites e eficientes que a maioria! São inventivos, são engraçados, são demais!
Em tempos de eficiência, de padrão de qualidade de: o melhor! Os limitados dão um show de sobrevivência e nos ajudam a perceber que é preciso sim reiventar e também lutar para tornar a cidade a vida mais transitável!


*para o Sr. B...caído numa calçada do bairro Santa Tereza, à graça dele, e aos que ficaram lá até a filha dele chegar!