sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A Revolução das Crianças


                      Bom, o título do que vai escrito já existe num dos livros mais apaixonantes que já li e, que, vai com a capa fotografada ao final deste. Entretanto, repeti-lo faz-se necessário por uma ideia, às vezes romantizada, às vezes idealista do significado das crianças em meio à sociedade. Acho que criança é um ser específico, com possibilidades e necessidades específicas, mas que, nem por isso devem ser vistas como mais ou menos que nenhuma outra categoria. O que é importante é que sempre ao nos referirmos à elas seja claro para nós que elas estão mais perto que que será do que nós adultos, já idos. Talvez como diria Rolando Boldrin ao se referir aos que morrem: " viajou fora do combinado" Nós mais velhos, mesmo diante de uma realidade muito violenta e que faz viajar bem fora do combinado milhares de crianças e milhões de jovens no mundo todos dias, ainda assim nos vemos mais perto do fim dessa história, quando nos deparamos com crianças ao nosso lado: brincando, imaginando, inventando..
                     Essa reflexão vai por uma passada em frente ao Parque Municipal hoje e o ter-me deparado com centenas de crianças, e muitos adolescentes. A maioria vestidos com os uniformes dos projetos escola integrada e escola de tempo integral(tá rolando um Fórum lá, e que bom que as criança estão presentes!). Sendo oriunda, deste trabalho tenho um bocado de crítica ao mesmo. Não sei como o mesmo se apresenta agora, mas guardo um respeito especial pelos trabalhadores que se colocam à disposição para realiza-lo. Meus quase nove meses trabalhando nessa empreitada, ensinaram-me que, para além de exigir que os meninos e meninas permaneçam "seguros" por quase nove horas por dentro dos muros da escola, precisa-se ocupar as ruas e torná-las muito mais nossas, mesmo sendo o nós crianças pequenas ainda. A rua é a possibilidade lúdica, concreta, imaginativa e talvez absurda do aprendizado!
                     Agora, trabalhando com meninos em privação de liberdade tenho ainda mais acreditado que a rua é o símbolo daquilo que mais nos assusta, mas que também nos atrai, principalmente meninos! Leminski já dizia:

                                                        " Ainda vão me matar numa rua.
                                                          Quando descobrirem,
                                                          principalmente,
                                                          que faço parte dessa gente
                                                          que acha que a rua
                                                          é a parte principal da cidade" ( Quarenta clics em Curitiba,1976)

                       Acaso não fosse coincidência com o que se passa em nossos tempos...

                  Aí cabem as angústias dos poetas... aí cabe uma fala à uma senhora idosa ao fim da quase passeata que subia a Rua da Bahia e a Afonso Pena até o Parque seguia, ela dizia angustiada: " minha filha essa bagunça vai até subir a Afonso Pena?" Eu respondi com um sorriso, cheio de esperança e alegria:" Não se preocupe! Essa "bagunça" vai entrar no parque municipal, num instante a senhora poderá passar! Olhe que bonito! Muita criança! Ainda há esperança!" Ela me agradece, acho que entendendo que é tranquilo passar por eles... eu sigo com o coração cheio de esperança e sem ilusões, acreditando no som do batuque da Revolução das Crianças.



                                                 
                 


















Um comentário:

  1. "Aí cabem as angústias dos poetas... aí cabe uma fala à uma senhora idosa ao fim da quase passeata que subia a Rua da Bahia"...

    Texto muito belo,
    À você minha admiração
    e desejo-lhe vitórias!

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