sábado, 29 de junho de 2013

Algumas palavras para Raul

se de menino ainda vindo
a gente tenta construir um mundo rosa e azul
pra ter duas cores e mais outras
e sem preconceitos ter bossa, funk, jazz, rap e blues

se ele está se formando
numa barriga
não tem ainda cor
ou a gente não vê
pode ser som e luz

a gente aqui de fora
construindo um mundo outro
fazendo nas ruas movimento
para que ele acredite menos no norte
o sul!

o que posso oferecer é minha palavra
sem muito saber de ti
mas muito querendo poder sentir
te prometo meu abraço
nada mais que isso

ou talvez
um afago de ideias
um sorriso, gargalhadas e histórias

ainda falta muito para ter mundo
que te mereça
mas imperfeitos em muito
pedimos licença para dar caminho a esse ainda nu...
um mundo possível pra Raul.



                                     






quarta-feira, 26 de junho de 2013

Cuando vuelvan los soldados*

A los dos que llegarán en esta casa
mis hermanos y compas
en esta casa les preparo una comida
y no porque soy la mujer
sino
porque no me fuí a la guerra en este momento!

A los otros
les preparo un plato de palabras
les envio mis deseos que no tengan sangre por el cuerpo
pero si los tiene
que sus heridas tengan un sentido

Cuando vuelvan los soldados
les digo que estoy con ellos
que no les temo
que mí vida es su vida
y que no creo en lo que dicen los medios burgueses

mí garganta tiene un nudo
mí pecho está harto de sufrir
y mis piernas hoy no pudieron caminar,
pero les envio parte de mis fuerzas!

Cuando necesiten llamar en mi puerta
le abro con placer
les doy un saludo
les ofrezco mis cuidados...

Cuando retornar los soldados
yo estaré con ellos
y vamos a hacer asambleas
y vamos a hacer nuestra política
y nomás nos van a tomar lo que es nuestro
lo más rico secreto
la más linda poesía
nuestra voz!



                                       


















* dijo Marx en el 18 Brumario que uno comprende una lengua cuando argumenta en ella y cuando puede hacer poesía...a ver...quiero que llegue lejo este!

terça-feira, 25 de junho de 2013

"Isso nunca aconteceu antes!"*




                     Nunca antes torcidas organizadas historicamente rivais se juntaram nas ruas para uma luta em comum, nunca foram tantos, tenta-se comparar com marchas contra a ditadura militar, diz-se do tempo dos cara pintadas, há quem se arrisque a sair com a cara pintada hoje(sinceramente não compartilho, apesar de respeitar!), há quem diga que não vai dar em nada, há quem se amedronte com a possibilidade de golpe militar e nova ditadura(aqui a clareza do possível, mas a não desesperança no que se pode fazer).
                    Nós, de trinta anos para baixo(rsrsr me coloco nos de trinta e uns...) podemos nos ver ali junto aos adolescentes, podemos sentir um ar de novidade. Nunca aconteceu! Nunca foi tão diverso, apesar de em minha cidade já começar a apontar para alguns caminhos em comum. O poder nunca poderia entender porque tantos nas ruas e como explicar o sentido de tudo isso! A mídia, carregando os sonhos dos dominantes, se contradiz, vai, volta, não sabe o que mais dizer. Eles continuam nas ruas. O poder que se arrogou sempre do povo, à esquerda, democrático não consegue dar uma vazão importante aos anseios. A direita tenta se fortalecer indo à mídia, dando entrevista, dizendo:" precisamos de uma liderança forte no Brasil!" eu pergunto: uma liderança feita no poder da bala como em 64? Não!
                    Mesmo com as contradições, mesmo com a diversidade, há que se acreditar que há ainda um novo a ser escrito, um novo com cara, cheiro, vontade e coragem do povo! À luz de Frei Betto, poderia relembrar que é preciso entender de verdade o povo, sentir o seu cheiro, viver suas angústias, entender suas demandas. Povo mesmo nas ruas? Ainda não se sabe, mas se pode ver um menino diante da marcha dos quase 130 mil, um menino favelado, ele sorri ao lado da mãe e nos mostra um cartaz: "obrigado por lutar por nosso futuro!" Isso nunca aconteceu antes! Aconteceu de jovens que não sabem bem ou até antes junto aos seus pais diante da TV fascista brasileira chamavam sem terra de oportunistas, agora aplaudem uma voz sem terra que diz:" a partir de 26 estaremos com todos nas ruas, onde houver um assentamento ou acampamento sem terra, a rodovia mais próxima será fechada!" Isso nunca aconteceu antes!
                    Nunca se poderia imaginar que as pessoas poderiam duvidar da comunicação dominante, mesmo com muitas dificuldades, mesmo com a sabotagem dos meios alternativos, ainda se leva uma voz dissonante da voz do Brasil às 19h, em Brasília!! Como diria o poeta:" há sempre alguém correndo, fugindo da Hora do Brasil!" e agora tentando ouvir outras vozes! Vozes de loucos que acreditam, vozes em assembleias com mais de 3 mil participantes e dando voz:" Todo mundo quer falar!" uma amiga empunha esse cartaz nas ruas! Não é só comida, nem só Copa, nem só governo dito de esquerda e NUNCA MAIS um governo fascista! Isso nunca aconteceu antes! E não vai mais acontecer de tomarem a nossa voz, porque se ouvissem as vozes que nós ouvimos, nas cadeias, nos manicômios, nas ruas, nos delírios nós não estaríamos nas ruas tomando a nossa voz! E já que não aconteceu de nos ouvir, nós os faremos nos escutar! Ou nos escutaremos com nossa forma de nos governar! Isso nunca aconteceu antes, mas está acontecendo!


Brasil!!!! Acordado há muito tempo!!! Agora é nossa voz!



                                                








































*" nunca torcidas historicamente rivais se juntaram nas ruas do Brasil para lutar, isso nunca aconteceu antes!" frase do amigo Sérgio Luiz, o Anjo

terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobreviventes da democracia

                   De alguma forma é preciso colocar para fora do corpo a revolta que te toma quase que por inteiro. É preciso racionalizar, ainda, na razão iluminada, mas já construindo outra razão. Acaso eu me contento com um discurso dado, não há como sair da inércia e do comodismo. Citemos o título...
                   Nada mais estranho que sobreviver num modo de governo que mais deveria ser de plena vida, não? Mas é...me lembro de argentinos e chilenos num curso, onde haviam cartazes mais ou menos assim: "mortos na ditadura, mortos na democracia!" A segunda opção ou era igual ou era maior. Assim a gente segue refletindo sobre como se lutou para que chegássemos à este modelo e o mesmo se apresenta falido. Não vou entrar nos debates acerca dos gritos:" Aqui não tem partido! Aqui não tem partido!" apesar de ter alguma noção acerca dos mesmos, acho melhor seguirmos nas ruas para ver se esse grito prossegue. Entremos na tentativa de entender como se pode matar tanto em modelos democráticos, ou pensar ao menos sobre...
                 O Estado brasileiro mata sua população jovem de maneira cada vez mais acintosa! Os números chegam a fazer "inveja" em guerras de libertação nacional, em conflitos históricos mundiais! É por esse caminho que quero seguir e tentar colocar novamente(como já tenho feito de forma virtual e também nas conversas na ruas) o porque de eu estar marchando e de mais vários que pensam parecido comigo. As pessoas jovens, negras e pobres estão sendo mortas, massacradas e desrespeitadas não é de agora, isso é estrutural e histórico, isso vem de longe. Mas talvez venha de agora alguma leitura de uma saída da subordinação. Não vou dizer que esta geração que está na rua está fazendo isso, estou falando de um agora não anteontem, hoje, mas de um agora de alguns anos para cá, de crescimento de uma voz desses condenados da terra como diria Fanon. Os meninos e meninas nessas condições, mesmo massacrados e abusados como são, estão muito mais fortes do que a democracia pode entender. E eu estou com eles.
               Quando a democracia permite que milhares de pessoas estejam nas ruas e ainda orienta que os não ataque, temos que entender que os que mesmo assim atacam querem dar uma resposta aos dois lados! A democracia no poder, descobri ontem: era traidora na luta contra a ditadura. Descobri o que já desconfiava, e um irmão/camarada me alerta: "ninguém entra no poder à toa Laila!" A democracia no poder no Brasil dá com uma mão aos pobres e com as duas juntas aos empresários e donos de corporações. A democracia no poder que hoje vivenciamos se exime da realidade sórdida de violência que sua gestão desenvolve. Eu entendo pouquíssimo de história do Estado, essa falha precisa ser sanada. Entretanto até onde sei ele é feito para mediar os conflitos entre as classes, talvez, o que temos visto é um Estado quase com um transtorno mental( carinhosamente respeitando meus irmãos loucos!), meio isso na falta de outra expressão, mas um Estado que à todo tempo se esguia de seu compromisso, ou se mantém num compromisso já esperado, mas não acreditado pela maioria. E tem muitos que estão nas ruas que querem outo Estado ditador! Não nos iludamos! A agora oposição não quer voltar a ser situação à toa!
                  Quando muitos respondem à esse Estado de forma violenta a mídia começa a chamar à paz. Mas assim retomando Fanon a destruição de um modelo violento só pode ser feito com violência! Claro que é preciso escolher o momento dessa, não podemos morrer nas mãos desse Estado agora, mas os submetidos à violência histórica ainda não estão todos e todas nas ruas! Quando essa maioria(desrespeitosamente chamada de minoria até pelos que dizem do lado deles!) perder a paciência não existirá força capaz de fazê-los retornar. E não há força no mundo mesmo capaz de deter uma ideia cujo tempo já tenha chegado.

Por outra ideia que não essa democracia!






domingo, 16 de junho de 2013

Sobre mudar o mundo

Para quem ainda insiste em não acreditar que o mundo pode mudar é necessário relembrar algumas coisas. O Brasil passou por um período ditatorial que marcou profundamente todo mundo, apesar de muita gente achar que aquele era que era um bom tempo. E, apesar de eu achar que nem aquele era e nem esse é o melhor tempo...

Há muito o que se dizer sobre a manifestação realizada em BH, assim como em outros Estados e cidades. Mas gostaria de me ater à discussões locais, afinal falar do outro lado das fronteiras só atravessando-as, e esse não é o meu caso, não estive lá, não sei exatamente o que aconteceu. Bom, nem mesmo em BH sei exatamente o que sucedeu. A Copa chegou e alvoroçou esses meninos? O transporte é ruim assim mesmo? Esses chamados via facebook e essas conversas-denúncias* via celular não fazem sentido?

Para quem está acostumado a olhar o mundo apenas por uma tela de computador talvez essas perguntas acima soem à ironia ou leviandade. Pode ser...vamos ao debate e também(!) às ruas. Claro que é necessário ser respeitoso com as limitações de saúde, de trabalho e outras mais de cada um. Ao me encaminhar para a manifestação, já atrasada, pois eu estava antes com quem(s) me deu o presente de viver, vi um dos militantes-usuários da saúde mental com sua namorada num bar em BH, no bairro aqui pertinho de casa onde ele e eu moramos e disse:" Olha só a galera tá na rua! Apareça lá!" Ele sorri, me abraça e se senta novamente, eu sei que provavelmente ele não irá, mas sei também que o mesmo não se ausenta de nenhum espaço onde se trava as lutas pelos direitos humanos dos portadores de sofrimento mental e assim ele também milita por mim, ou por você que temos sim probabilidade de um dia estarmos na mesma situação em que ele está. Dessa forma me encaminho no debate. Podemos nos ausentar e ainda assim estarmos lá. Confiantes de que mesmo não sendo o nosso(meu não eu não tenho um e nem quero ter! agradecida.) partido quem organizou, mesmo que não formos nós quem tem o megafone, e nem que puxamos o evento virtualmente mas acreditamos que é preciso colocar o corpo junto de todo espaço de luta mesmo que contraditório! Não seria eu injusta comigo mesmo e com todo mundo se não tivesse claro a contradição humana e a certeza que é preciso ir e tentar ouvir o que será dito e estar onde está sendo feito.
           E por isso eu vou, porque é impossível mudar o mundo sem se arriscar. Se a gente concorda mesmo e se indigna com a realidade é só saindo da inércia. Eu disse ao caminhar(fui sozinha, não estava em grupo, rodava com euforia no meio daquela multidão e pensava:"estou viva para ver isso acontecer!") para algumas pessoas:"mais criativos que os que puxam os gritos só os meninos em privação de liberdade!" As pessoas sorriam, respondiam, surgia um papo e logo depois eu seguia para outro canto. Não importava se não era exatamente como eu quero, era importante que acontecesse! Dois gritos me assustaram e não os pude reproduzir:" Ei FIFA vai tomar no cu" encontro um amigo gay e conversamos sobre esse e sobre outro grito:" para de gozar e vem pra rua protestar!" Não era nada agradável ouvir esses gritos, um porque ofende sim na minha opinião uma orientação sexual, o outro porque não condiz com a realidade de quem era alvo dele, as prostitutas da rua guaicurus, as mulheres que trabalham e eu tenho quase certeza, na mesma condição de mulher, que elas não chegam à nenhum gozo nesse ofício. Embora possa ser absurdo e discordar eu continuei, a vibração ainda era forte e continuou até que meu corpo sinalizou que era hora de finalizar.
                  Eles continuaram, eles ocuparam a Praça Sete de setembro, caminharam por quase todo centro da cidade, os protestos e gritos eram sim relevantes, mesmo que a Praça da Estação não tenha sido invadida, mesmo que não tenha havido um confronto direto com a polícia, mesmo que não houve uma ação organizada para mostrar aos que não lá estiveram que aquilo era mais que um monte de jovens nas ruas por nada. Não saem oito mil pessoas nas ruas de uma capital num país num sábado por nada! A cidade referência mundial dos butecos teve número expressivo de pessoas fora deles por pelo menos seis horas num sábado à tarde, num dia de jogo de uma copa que prepara para outra copa, isso é de se levar em consideração. Se não fui eu quem puxou o movimento, não importa, o que importa é fazer coro, estando a favor da maioria dos gritos e me abstendo de alguns deles. Porque para defender a rua, a cidade, a vida e o mundo para quem já estava nele antes e foi e está sendo despojado eu saio sim da inércia!

Faço coro ao grito:" Não é Turquia, não é a Grécia, é o Brasil saindo da inércia!"

Nós os marginais não temos nada a perder a não ser nossa privação de ser!

*sobre denúncias recorrentes via celular de abusos de policias, e outros agentes do Estado contra moradores de rua e adolescentes.

- foto da capa do facebook de Paloma Parentoni.

                                                           











sexta-feira, 14 de junho de 2013

Para o carnaval de 2014

No Carnaval de 2014 em
quem vai compor os sambas são os adolescentes privados de liberdade
os meninos e meninas de lá, do lado de lá do muro!

Quem vai cantar na rua são os loucos e moradores de rua

quem vai sambar na avenida serão as prostitutas!

policial não vai poder bater na cara do menino preto
nem tentar levar à força para casa, puxado pelo nariz, o menino rico que arrumou um amigo na rua

a guarda municipal vai enfiar nela mesma o gás de pimenta que ela pretende
temperar a ordem!

pois nossa ordem é caótica e nosso grito é forte!

Nós fingimos ter paciência

e não há força no mundo capaz de enfrentar a nossa ideia que já chegou!!!!!!!!!




               

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Sobre água e sobre privação de liberdade e de palavra*


                 Ele podia se indignar com tantas fontes dentro de sua própria casa, mas acreditava naquilo como uma benção, conhecia a história de sua mãe por trás daquilo que era seu fardo e também sua transcendência...
           Ela escutava quase todos os dias os gemidos surdos, mas ensurdecedores, dos homens encarcerados ao fundo de seu quintal. Sim! No fundo de sua casa havia uma estrutura inventada para prender homens, seres humanos, pessoas que disseram nãos. Alguns que não aceitaram a vida assim como ela é, era assim que ela enxergava aqueles seres, com força e com delicadeza. 
                   Demorou um tempo até que tivesse coragem de ir até o fundo do quintal e entender o por quê de tantos murmúrios, como se estivessem sendo açoitados. Não! O mais absurdo é que não! Naquela cadeia os homens, além de privados de liberdade, eram privados de água! Água? Sim! Acaso cometessem, internamente, alguma transgressão, eram privados de beber água. Tinha algum cabimento? Alguém para perguntar por quê? Não...e diante do não somente uma resposta calada e sincera. Somente uma ação: se não podem beber lá dentro, ela se ajeitou do lado de fora. Seria possível? Perguntou-se e foi ver...Era! Um buraco de saída de água! Paradoxal! Por onde se saía a água desperdiçada pela chuva ela podia entregar água, mas dentro de um copo, ou até mesmo com a mão, que eles, de um jeito ou de outro arrumavam posição para beber...
                    E se passaram anos, e a água continuou a entrar e a sair do presídio, a chuva quase traiçoeira não se permitia beber, mas as mãos calejadas daquela senhora enviava conforto aos aprisionados de voz, de vez e de água! Ela ouvia histórias, que podiam ser contadas pois sem sede podia-se falar. Ela não via rostos, só imaginava as feições. E, ali conseguia entender a realidade de cada um daqueles homens e o perverso por estarem ali...
                   Um dia um deles, quase que fazendo coro aos demais lhe diz:" em sua vida, em sua casa haverá água em abundância, para a eternidade..." E assim foi...
                  E passou a jorrar água pelas paredes de seu lar, e passou a ser água em sua vida, e toda a família começou a sentir-se banhada por tantas fontes que de todos os cantos saíam. Por primeiro uma sensação de estranhamento, logo depois da morte dela, revolta. Perguntava-se os que nasciam:" De onde vem tanta água?" E a história era contada e recontada, pois se havia água para molhar a garganta a possibilidade da palavra se fazia real naquele universo tão complexo e tão delicado!
                    As águas jorravam como se dissessem: " é possível, é possível ir além da privação da liberdade  e da privação da palavra..."


* para Ludmila Correa que me conta a "real" loucura dessa história!


                                                    




                  
                         


domingo, 9 de junho de 2013

Para que possamos ser

na cidade em que vivo tem menino trancado
tem gente de rua recolhida
tem rua limpa pra gringo
e prefeito safado!

no mundo que moro e me (de)formo
tem político pilantra em liberdade
tem criança privada de cidade
e uma Copa do mundo chegando pra nada!

No planeta em que estou
não se morre tanto por menos
se mata por ser
e se encarcera por pensar
não é o que você é
nem o que faz que te faz diferente
é o seu ser que incomoda
e por isso quem manda te prende!



                                                     

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Do contradito

Antes a imperfeição do verso
que a impossibilidade de versar

Antes a palavra mal feita
que a mudez no falar

O trato da letra
no prato dos livros

O bojo líquido da dor
a porta aberta do absurdo
Uma ponta do verbo
e um aposto para explicar

Se a rima não é suficiente
o importante é bradar.