quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Condução coercitiva-cotidiana

Quando eles chegam de coturno
chutam a porta
e nem pedem licença
quem se importa?

Quando eles chegam de madrugada
levam meu filho
desaparece o vivo
aparece o corpo
quem se esforça?

Quando a porta já nem chave tem
quando eles nos olham na cara com desdém
quando o helicóptero-cotidiano
barulhento
deixa-nos surdos
deixa-nos mudos
quem acorda?

Quando era chibatada
Quando era tronco
Quando era público o castigo
Quem ignora?

Quando a gente, livre?
trabalhadores violentados
produzindo em série
suando sangue
na linha que despeja carros
quem se arvora?

Quando as mulheres
em casa, nas casas das famílias
família era só a branca com bebês assépticos
enquanto nossos filhos em casa
sem pão e sem educação
quem os nota?

Quando eles nos levam de nossas casas
quando eles nos despejam
quando a casa vira prédio e especulação!
Quem denota?

Muitas perguntas
poucas respostas
trabalho explorado
cárcere
mais-valia absoluta
quarteirização!
Ninguém revolta!



























Um comentário:

  1. Trabalho fodástico, bem direto e poético com as cousas da atualidade e nós é que somos os doudos do mundo, da vida, quem nota, quem denota quando é a gente, quando é preto, mulher, gay, pobre, me diz quem?

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