domingo, 24 de agosto de 2014

Reduzindo danos e aumentando os ganhos

          O título parece caminhar para o capitalismo no sentido do ganho, mas queremos ganhar sim, ganhar vida, ganhar sonhos, ganhar alegrias...
          A apresentação do Skank( o mais engraçado o nome da banda se refere à uma espécie da erva!) colocou na rua um monte de gente branquinha e com roupa quase tudo parecida, e não entendo a vontade ser igual que as pessoas tem...mas sigamos. Entretanto colocou também um monte de morador de rua, com o cheiro da falta de acesso às condições mais fundamentais da vida. Eles ficaram,.pPerto de mim eram três, um deles sabia todas as canções de cor! Um deles tentou chegar mais perto do palco, quase caindo, tremendo, e sob os olhares de nojo das pessoas que o rodeava, cheirava a álcool, e estava mesmo mal, mas sabia que estava participando de uma festa. Só não sei se sabia que a maioria dos que o rodeavam pareciam não querer que ali estivesse. Achei que precisava de um pouco de água, olhei minha garrafa e tinha como quatro dedos, pensei: "é pouco". Assim mesmo toquei nas costas dele e falei:" ou? água cara, toma aí! acho que cê tá precisando!" Ele:" muito obrigado!" Bebeu tudo num gole. Depois disso conseguiu um lugar para se encostar, o gradil que nos separava da mesa de som assistiu dali toda a apresentação. Não sei se o efeito da água pode ter ajudado, não sei se minha vontade de que ele pudesse estar ali também, só sei que ficou.
       O que eu sei é que não havia grades, o que eu sei e que SESIMINAS, SENAI, PBH e Fundação Municipal de Cultura patrocinam o evento, o que sei é que a população de rua em BH não tem seus direitos fundamentais garantidos, as crianças e adolescentes não tem mais o Miguilim, o que sei é que há um bocado de gente no corre para essa situação mudar. Dentro da política algumas delas, fora da política várias delas, algumas dentro e fora, ora como trabalhadores, ora como militantes. Reduzindo os danos, aumentando os ganhos. Nas ofertas possíveis das ruas, na van do consultório de rua, nos ouvidos atentos às demandas, nas rodas do conselho do redondo, naquela loucura que é fazer um pixurrasco e estar à mercê de tudo e fazendo com alegria.
            Nós não abandonamos a rua, nós a queremos sem grades, nós vamos reduzindo os danos na medida do possível e tentando ganhar no meio da desgraça, no meio do caos que tanto nos agradar e nos faz fazer sempre mais perguntas e tentar, se possível encontrar respostas...
            Não fechamos com grades nossos corpos, nossos espaços, acreditamos que é preciso estar diante do monstro que somos nós mesmos e tentar conviver com os fantasmas, ora nos agredindo, ora nos fazendo ver que é mais que privar, é ser...




                                         



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