quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A cidade não para*

um sinal e tudo para, para nada. Ela atravessou e atropelada foi! Ele gentilmente a socorreu e deu-se o evento citadino!
Engraçado, mas o dia a dia da cidade não para, mas para! Ela deitada no chão, rodeada de curiosos, rodeada também de piedosos, e generosos. E rodeada depois de muitos loucos, moradores de rua, não menos generosos, não menos cuidadosos, cada um em sua loucura, e fragilidade mas com potência para compartilhar do sofrimento dela...
Idosa ela não podia ver muito bem o que a rodeava, o joelho machucado, a cabeça quase debaixo do carro(o que fazia com que transeuntes olhassem com cara feia e julgadora para o motorista!)...
O mesmo permanecia pacientemente atento, qualquer olhar, qualquer ação da senhora ele atendia com carinho e preocupação.
Ele nunca a julgava, só lamentava o fato de ter acontecido o acidente...
vimos ela havia atravessado fora da faixa de pedestre...

mas ninguém estava ali para julgar!
eu mesmo depois de ouvida em casa a explicação do meu irmão já não julgava nem mesmo a demora do atendimento de saúde da cidade!


eu mesmo, sendo testemunha, dava minha pouca e parca contribuição, amenizando conflitos, conversando com os doidos e tentando ver o melhor a fazer...

até que depois de muito tempo dentro da cena dá-se o atendimento...

vai-se desfazendo o grupo, ela atendida, eu seguindo a vida, alguns ainda reclamando da demora, ela segue calada, esperando, assim como a maioria dos idosos, ele pacientemente se queda no local até que seja atendida...

eu sigo feliz com a rua, com o amor, o cuidado que ainda prevalecem nessa selva de pedra!


* sobre aquele acidente ali na Tamoios com Bahia hoje de manhã.

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