domingo, 24 de janeiro de 2021

Rildo, um brasileiro

 


 

 

Santana de São Francisco é uma cidade simpática e sorrateira; embora possa arvorar-se ter, entranhada em suas veias, um dos maiores rios do Brasil, o Rio São Francisco! E nela também, embora não possa comparar-se à outra cidade Sergipana em histórias dignas de realismo fantástico, a grande Poço Redondo (esta terá outros capítulos cronificados ainda!), há habitantes um tanto quanto peculiares. É o caso de Rildo( o nome, obviamente é falso, ou fictício, como os escritores experientes e sofisticados gostam de escrever. É preciso garantir o sigilo das coisas), um homem que trabalha com construção. Um pedreiro, mas que em conjunto com outros trabalhadores, torna-se um humorista, um contador de causos, um imitador, um brasileiro, por isso mesmo, um artista!

 

Pois bem, Rildo, ao conhecer-me não se fez de rogado; e, acreditando poder (e que boa essa crença do ser humano!) confiar suas anedotas a mim, trocamos várias palavras, entre uma parede rebocada, ou um andaime construído. Ele, ao saber que eu, uma mulher, mulher não mãe, nem casada, me punha entre os homens, livremente, para contar piadas(coisa que ainda se vê pouco num Brasil do século XXI, onde se dividem:" conversas de homens, e de mulheres”), ou fazê-lo lembrar de experiências de viagens e contatos com falantes de outros sotaques, achou de imitar um catarinense! E o fez com tanta maestria, que ora ou outra, durante minha estadia em Santana, o pedia que repetisse. Rildo consegue, entre risos debochados, olhares que "ao mangar" dos outros, distribui sorrisos entre os(as) presentes! Imita desde a fala de um, até os trejeitos de outros, e também os resmungos de um terceiro!

Ao me despedir de todos os homens trabalhadores presentes, o único a encorajar-se para um abraço foi Rildo, e foi acompanhado pelos olhares de todos os outros homens, a maioria abaixo dos 25 anos, e com um acanhamento talvez mais da idade, que da geografia de onde vivem. Rildo cultiva o sorriso do brasileiro, daquele que, além de trabalhar duro na quentura nordestina, ainda acha tempo e sensibilidade pra alegrar os outros mesmo num momento de tanta dor e tanta perda. Rildo é esperança, Rildo somos nós...






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