quinta-feira, 16 de maio de 2013

Luta Antimanicomial: uma luta que não se conta, se desconta...

Bom, dentre as muitas coisas impossíveis de contar, está a de descrever o que é luta antimanicomial. Apesar de eu ter certeza que as palavras aqui escritas não podem detalhar o que se sente, mas, diante de dois pedidos de quem vem ao meu coração, coloco em letras o que se vê de fato!

A luta antimanicomial se colocou a possibilidade de questionar uma instituição total, algo tido como inquestionável, afinal o capitalismo se acha inquestionável! O manicômio, sendo uma instituição asilar achou que seria páreo para um grupo de alucinados, trabalhadores, familiares, e claro, loucos! E assim foi se desconstruindo e descontando uma história de privação de liberdades e violações de direitos e construindo novas formas de se lidar com aquilo que não se inscreve na razão iluminada. Assim serviços novos foram estruturados, novas formas de entender a palavra, a voz ou o que se enxerga!

Belo Horizonte é uma das muitas cidades que conseguiu construir uma modalidade de serviços que tentassem, à revelia dos medos, uma dignidade delicada e uma cobertura ao que se deixou descoberto. Assim as residências terapêuticas, os CERSAM's, os Centros de Convivência, os CERSAMI's(pois criança que delira tem lugar aqui!)os CERSAM's AD e os serviços todos que coubessem a loucura e seus adereços, o transtorno por ser, ou por uso de substâncias, o percurso contrário ao que se espera dos normatizados!

Mas essa mesma Belo Horizonte, não só na luta antimanicomial, mas em outras várias frentes tem enfrentado uma gestão que não se furta a se imbecilizar ou a tratar de forma indelicada a política, o louco, o usuário de drogas, o jovem e toda a população e em 2012 obrigou o movimento a mudar a rota*, sim, mudamos a rota, mas não mudamos o rumo, diria Eliana Moraes do Fórum de Saúde Mental, e nesse ano, mesmo tomando essa outra rota o movimento conseguiu retornar à nossa principal avenida! Eu pude gritar: A Afonso Pena é nossa! ganhamos mais ruas e chegamos à Praça da Estação, abraçando-a e dela tomando conta! Continuo na onda do texto do ano passado:" Não se cala uma voz e nem o seu movimento e assim acredito que é possível uma sociedade sem manicômios, sem prisões, sem QUALQUER tipo de instituição total! Porque nós podemos muito mais do pode os nossos inimigos de classe ou de sentido, nós queremos um outro mundo e já o estamos construindo!




                                             











* há os que digam que o movimento recuou, mas é preciso acolher a dura realidade da loucura e entender o que é possível no enfrentamento e como é possível colocar milhares de loucos diante de uma cidade repressora e reprimida!

Nenhum comentário:

Postar um comentário