quarta-feira, 15 de maio de 2013

Pela verdadeira responsabilização de Chafik

                    Bom, um tema tão doloroso e tão contraditório como a traição, como o assassinato à traição, como o assassinato à traição em troca de poder, soaria talvez inútil, diante de uma sociedade marcada pelo monopólio dos meios de comunicação. É quase uma loucura tentar falar sobre algo do mais absurdo, diante de discursos como diria meu amigo Luciano:" discurso de surdos!" Mas como nós somos mesmo loucos e não é por acaso que desfilamos faz muitos anos nas ruas de Bh, vamos dar voz, ou melhor, escrita, à esse tão insano e tão perverso debate.
                    Chafik assassinou à traição vários militantes do movimento sem terra que ocupavam sua terra grilada(não esqueçamos disso!) e davam à ela uma função real, para o que ela realmente foi feita! Chafik utilizou dos artifícios do próprio movimento para eliminá-los e isso eu não sei pelo texto do admirável Frei Gilvander no Brasil de Fato ontem, eu sei através de um militante do acampamento Nova Vida, no ano de 2006, quando Bruno Pedersoli, numa brilhante ideia de me fazer calar*, decide junto à comissão organizadora do quarto EIV que eu iria para esse acampamento. Sim, um acampamento dos filhos do Aruega! Ali, diante da bandeira sem cor do movimento ele me disse(infelizmente minha memória me trai e esqueci o nome dele): " Os assassinos obrigaram os militantes-seguranças a soltarem foguetes na entrada da fazenda, esse sinal era nosso! E diante do sinal todos os militantes se juntaram e foi o massacre!" À traição o "dono" da fazenda mata junto à outros os que não aceitaram a concentração de terras no país, e confesso ele consegue duas vezes se livrar da prisão! Engraçado como a história sempre se repete, eu não li mesmo os textos errados, a cadeia, o sistema punitivo foi feito para um setor de classe, de determinada cor, de determinado local de moradia e com determinadas intenções acerca do mundo.
                  Assim e antiprisional como sou, gostaria de não relativizar a responsabilização de Chafik, mas gostaria de alertar para que somente estando na porta do Fórum Lafayete, ou colando cartazes pela cidade pedindo o encarceramento do empresário da terra, não é suficiente para entender e nem para conseguir avançar numa sociedade que o MST preza, com todo respeito ao MST e  respeito à essa ação sempre! Eu aprendi muito com esse movimento, mesmo nunca militando organicamente nele. Sei que há contradições internas, sei que uma prisão como essa garantiria um fortalecimento das ações, garantiria uma possível certeza de justiça. Entretanto, encarcerando Chafik não garantimos que o mesmo continue aliciando assassinos de sem terra, não garantimos que o mesmo lidere da cadeia(será que poderoso como é Chafik ficaria nas masmorras brasileiras? usaria o boi, alguém sabe o que é isso? Ficaria além de privado de liberdade, privado de todos os outros direitos garantidos na nossa Constituição como ficam a maioria dos nossos presos e presas? Sinceramente eu duvido muito e não é por isso que não defendo sua REAL responsabilização) um massacre ainda maior de militantes. Isso ocorre no tal crime "organizado" porque não ocorreria com esse empresário organizado também com aquele setor de pensamento mais atrasado da sociedade brasileira, que não entende que reforma agrária é pauta capitalista(muitos países fizeram), e que ganhariam muito mais! O que creio que os lutadores do Brasil querem é muito mais que reforma agrária, querem um mundo onde os povos decidam pelo seu próprio destino e carreguem nas mãos a sua história, afinal são milhares de anos de dominação de pensamento e não só de corpos.
                   O MST e todos os movimentos organizados ou desorganizados mas de uma forma ou de outra propondo um mundo para além desse que vemos, pode propor uma sociedade onde Chafiks tenham suas propriedades abertas para desapropriação e verdadeiro uso, tenham seus bens retidos pelo Estado e no futuro geridos pelo povo, sejam "obrigados" a trabalhar, a entender como se ganha o pão que mata a fome do corpo. É necessário entender para muito além dos crimes do campo que devem ser feita justiça sempre! Mas é necessário sair pelas cidades, entender a multidão que já nela vive(os milhares de jovens assassinados com a mão do ESTADO!), é necessário lutar por uma cidade verdadeira e não mercadoria, assim como uma terra socializada! Temos muito mais a oferecer, se como diria Miriam Abou yd:" conseguimos questionar uma instituição como o manicômio e construir alternativas..."  além de também construir alternativas às cadeias, vide APACS, porque não podemos questionar a realidade do encarceramento e manter assassinos como esse sob nossa custódia? Num processo revolucionário pessoas como Chafik seriam mortas provavelmente e legitimamente, enquanto não chegamos lá ofereçamos aos nossos prisioneiros(prendamos Chafik se possível, mas não esqueçamos que tipo de sistema prisional temos para negros e pobres, condenados da terra como nos diz Fanon! Prendamos ele e soltemos todos os que estão presos injustamente pelo sistema então!) algo que o capitalismo não ofereceu! Somos melhores do que eles!

Pelo fim da concentração da terra, pelo fim da especulação imobiliária, pela responsabilização de todos os ruralistas assassinos brasileiros, pela democratização dos meios de comunicação! Pelo fim de prisões, manicômios e todo tipo de instituição total!




                                   






















* calar porque falo demais e ele teve a manha de me mandar para um acampamento com vários problemas internos e externos com a direção do MST!


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