sábado, 11 de maio de 2013

Pelo direito de não ser mãe!


                                                  

                           É de admirar que em pleno dia das mães saia uma reflexão como essa e um título tão forte, ou tão cortante! Afinal, à primeira vista, ser mãe parece tão natural como comer, dormir, trabalhar. Bom, acho que não é! Talvez a excessiva obrigação capitalista de se realizar na maternidade obrigue as mulheres a se envergonharem de colocar publicamente o não desejo de ser mãe*. Já ouvi pessoas me dizerem:” Como não? Que absurdo! Toda mulher quer ser mãe! Isso é egoísmo seu!” Nessa hora lembro do meu irmão que fala pouco e fala o essencial, quando questionado sobre o jeito dele e sobre que desse jeito ele não amava, ele responde:” é por amor que eu faço tudo o que faço!” E aqui eu não me refiro à paternidade, ou se ele quer ou não ser, isso é da alçada dele, mas me refiro à reflexão sobre o amor e sobre o tudo que ele faz que se parece muito com o meu tudo.
                        Assim, a reflexão passa por esse amor aclamado nas propagandas, aclamado aos quatro cantos, como se amar fosse comprar coisas e não fazer uma ligação no meio do dia, no meio da rua e dizer:” Oi mãe! Como você está?” E ouvir dela coisas engraçadas, lamentações, dores e poder construir caminhos ali pelo telefone...
                     O amor foi aprisionado pelo medo, ouvi essa frase de Gerivaldo Neiva num seminário em BH, refleti muito sobre. Ou o medo é a moda nessa triste temporada de Zeca Baleiro. Esse medo todo de não poder ser algo diferente do que todo mundo é.
                    E voltando ao ser ou não ser mãe é necessário passar pelo fato de, o sendo sem querer, por acidente, tentar deixar de sê-lo**. Sim, deixar de ser mãe quando se torna sem querer. E aqui a forte presença desse amor capitalista é impressionante! Chego a me lembrar de um pastor famoso num canal aberto de TV dizendo sobre isso e achando-se no direito de definir o que as mulheres devem ou não fazer com argumentos de amor...mais impressionante foi a entrevistadora titubear diante das fajutas argumentações.
                Não é esse amor que me move, não é esse amor que faz com que milhões de mulheres morram em clínicas clandestinas, esse amor que obriga milhões de mulheres a se violentarem, ou a serem violentadas. O amor que mostra caminhos a essa realidade não é aquele que acha que se devam matar os filhos do submundo***, não! É o amor que quer construir um espaço onde elas possam dizer sobre o que querem e se quiserem ter o direito de dizer não, e claro, quando se pode dizer do que se quer, pode-se mudar de ideia não é? Pode-se construir caminhos e talvez tornar-se com a ajuda de outros e com os direitos garantidos uma mãe, por quê não? Mas é preciso garantir esses direitos historicamente violados!
              É por amor ao mundo que muita gente não quer ser mãe e nem pai! Há caminhos diferentes para cada um, e existem pessoas que não cabem mesmo nesse mundo! Existem pessoas que lutam para que não existam pessoas como elas no mundo. Como os zapatistas que dizem: “somos soldados que querem que os soldados não mais existam”. É preciso enxergar possibilidades, é preciso ultrapassar o corriqueiro, calar o excesso e descobrir o essencial.
                 Pelo direito de ser alguma coisa e não ser o que o outro definiu ser...








                  * aprendi com Tatiane Vinhal que conquistamos esse direito!

**Não me intitulo feminista, tenho respeito e acho extremamente necessário o movimento, mas minha fala não está inscrita nele, pois não tenho argumentos suficientes para fazer alusão à esta realidade.

                  ***o que a freira superiora do convento em que estive na juventude dizia contra o não ser mãe ou deixar de sê-lo


                                           








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