terça-feira, 18 de junho de 2013

Sobreviventes da democracia

                   De alguma forma é preciso colocar para fora do corpo a revolta que te toma quase que por inteiro. É preciso racionalizar, ainda, na razão iluminada, mas já construindo outra razão. Acaso eu me contento com um discurso dado, não há como sair da inércia e do comodismo. Citemos o título...
                   Nada mais estranho que sobreviver num modo de governo que mais deveria ser de plena vida, não? Mas é...me lembro de argentinos e chilenos num curso, onde haviam cartazes mais ou menos assim: "mortos na ditadura, mortos na democracia!" A segunda opção ou era igual ou era maior. Assim a gente segue refletindo sobre como se lutou para que chegássemos à este modelo e o mesmo se apresenta falido. Não vou entrar nos debates acerca dos gritos:" Aqui não tem partido! Aqui não tem partido!" apesar de ter alguma noção acerca dos mesmos, acho melhor seguirmos nas ruas para ver se esse grito prossegue. Entremos na tentativa de entender como se pode matar tanto em modelos democráticos, ou pensar ao menos sobre...
                 O Estado brasileiro mata sua população jovem de maneira cada vez mais acintosa! Os números chegam a fazer "inveja" em guerras de libertação nacional, em conflitos históricos mundiais! É por esse caminho que quero seguir e tentar colocar novamente(como já tenho feito de forma virtual e também nas conversas na ruas) o porque de eu estar marchando e de mais vários que pensam parecido comigo. As pessoas jovens, negras e pobres estão sendo mortas, massacradas e desrespeitadas não é de agora, isso é estrutural e histórico, isso vem de longe. Mas talvez venha de agora alguma leitura de uma saída da subordinação. Não vou dizer que esta geração que está na rua está fazendo isso, estou falando de um agora não anteontem, hoje, mas de um agora de alguns anos para cá, de crescimento de uma voz desses condenados da terra como diria Fanon. Os meninos e meninas nessas condições, mesmo massacrados e abusados como são, estão muito mais fortes do que a democracia pode entender. E eu estou com eles.
               Quando a democracia permite que milhares de pessoas estejam nas ruas e ainda orienta que os não ataque, temos que entender que os que mesmo assim atacam querem dar uma resposta aos dois lados! A democracia no poder, descobri ontem: era traidora na luta contra a ditadura. Descobri o que já desconfiava, e um irmão/camarada me alerta: "ninguém entra no poder à toa Laila!" A democracia no poder no Brasil dá com uma mão aos pobres e com as duas juntas aos empresários e donos de corporações. A democracia no poder que hoje vivenciamos se exime da realidade sórdida de violência que sua gestão desenvolve. Eu entendo pouquíssimo de história do Estado, essa falha precisa ser sanada. Entretanto até onde sei ele é feito para mediar os conflitos entre as classes, talvez, o que temos visto é um Estado quase com um transtorno mental( carinhosamente respeitando meus irmãos loucos!), meio isso na falta de outra expressão, mas um Estado que à todo tempo se esguia de seu compromisso, ou se mantém num compromisso já esperado, mas não acreditado pela maioria. E tem muitos que estão nas ruas que querem outo Estado ditador! Não nos iludamos! A agora oposição não quer voltar a ser situação à toa!
                  Quando muitos respondem à esse Estado de forma violenta a mídia começa a chamar à paz. Mas assim retomando Fanon a destruição de um modelo violento só pode ser feito com violência! Claro que é preciso escolher o momento dessa, não podemos morrer nas mãos desse Estado agora, mas os submetidos à violência histórica ainda não estão todos e todas nas ruas! Quando essa maioria(desrespeitosamente chamada de minoria até pelos que dizem do lado deles!) perder a paciência não existirá força capaz de fazê-los retornar. E não há força no mundo mesmo capaz de deter uma ideia cujo tempo já tenha chegado.

Por outra ideia que não essa democracia!






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