sábado, 23 de março de 2013

A Real que está na Rua.

       A primeira vez que ouvi o nome daquele coletivo, espaço ou sei lá o que pode ser aquele conjunto de pessoas que se reúnem debaixo do viaduto Santa Tereza algumas sextas feiras do mês antes do Duelo de Mcs, fiquei curiosa por entender a nomenclatura e o seu por quê. Mas somente depois de me aproximar, e apenas uma vez(!?)* pude compreender que a Real que se vê na Rua, e prestemos atenção nos nomes em letras maiúsculas(uma propriedade), é algo muito maior do que se pode imaginar. Descobri que começou como conselho do redondo, descobri que as coisas começaram a ocorrer e continuam a ocorrer abaixo do palco e sentados no chão, e o melhor(!!!), em roda! A coisa é possível! Impressionante como as instituições, em sua grande maioria, insistem nos palavrórios, nas mesas, nos microfones nas mão de apenas um.
      Real da Rua...
      Não é fácil entender sem ver acontecer, e não é fácil se dar o tempo do entendimento se se está acostumado a falar sem ser interrompido, ou se, se acostumou ao tempo da razão de ser da sociedade livre burguesa! Na Real da Rua as pessoas falam e as outras escutam, e se fala de temas doloridos a decisões coletivas, e se fala de como resolver coisas importantes e como todos os que estão ali decidiram, o que opinam...
     A Real que está na Rua é de medo, de dor, de privações de liberdade, de sequestros compulsórios para tratamento de algo que não se escolheu fazer. A Real das Ruas das nossas cidades é de descontamento coletivo de como se circula, de como se transporta ou como decidiu-se construir a cidade! Mas a Real da Rua de BH propõe um novo olhar sobre a cidade, sobre a pixação, sobre o duelo, sobre a preocupação com quem HABITA aquele espaço de verdade, sobre o uso ou não de drogas que a classe dominante classificou como ilícitas, sobre a juventude(!), sobre o que coletivamente podemos fazer para ocupar os espaços da cidade que são de todos, mas que são a cada dia mais privatizados!
    Se na real o poder não nos quer na RUA, a REAL É A RUA!



  * para quem ainda não se acostumou e gosta da língua políticamente correta digo que muitas vezes os sinais são pouco, é preciso duplicá-los ou misturá-los para dar cadência e força ao texto!

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