terça-feira, 26 de março de 2013

Sem medo do medo

             Ela me olhou assustada e envergonhada, me perguntou: "Moça você vai até o metrô?" Respondo: "Sim!" Ela:   " posso ir com você?" Eu: "Claro!" Ela: " eu estava sendo seguida por um cara num carro, estou com medo!" Eu: " essa hora???"(eram 8 da manhã de hoje!) Ela:" sim!" e seguimos andando. O texto nesse modelo para por aqui! Eu não sou contista, essa habilidade é para poucos, talvez eu fosse uma cronista, mas também não sei. A crônica tem a possibilidade de colocar o trivial num lugar mais eterno, universal! Também não sei se o que escrevo é isso e também não me interesso nessas vaidades literárias, o importante é escrever!
          Escrevamos, escrevamos a vontade de que se acabe com o medo. Esse medo que nos assola todos os dias, esse medo que "é a moda nessa triste temporada"*...
         Nos colocaram num lugar de medo tão persistente que amedrontados citando Maria Lúcia Karan: "trocamos liberdade por segurança!" ABSURDAMENTE! As mulheres tem medo de andar sozinhas! Eu lembraria uma amiga que um dia me disse:" você é guerreira demais! Se eu tivesse passado pelo que você passou nunca andaria sozinha à noite pela rua!" Mas eu fico achando, por quê não sair? Como vencer o medo? É por ter medo mesmo que eu vou, por achar que a gente não pode se privar de vencer o tal receio daquilo que nos deixa inerte, apáticos e estáticos!
        Sonho com dias em que os pais terão menos medo de deixar os filhos andarem e brincarem nas ruas, sonho com a possibilidade de ser livre, de poder enfrentar os medos que vão existir sempre, acredito que o medo é uma porta para vencer obstáculos.  A Cristiane Barreto disse que era coragem e não medo a minha subida à Vila Marçola no meio do conflito com a polícia diante da morte do Helenilson, eu continuo achando que era por medo do medo de não ir até eles. O medo de não vencer esse medo que tenho da forma como o Estado se apresenta, me faz ir até ele e enfrentá-lo, claro sempre pensando que deve ser em coletivo.
        Acredito também que o medo vendido nas redes dominantes de comunicação é um trunfo nas mãos dos que querem se manter no poder e que a moda, ou outra palavra melhor, deveria ser saída.



* http://letras.mus.br/zeca-baleiro/49375/





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