quinta-feira, 21 de março de 2013

Uma cadeia que encadeia...

As pessoas que convivem comigo sabem que eu não tenho o menor apego à minha (de)formação, não defendo a linguagem e muito menos a educação como salvadores da nossa sociedade! Começo dizendo isso para não parecer que o que vai escrito é estritamente corporativista, longe de mim! Começo dizendo que para construir um mundo bem melhor e mais humano era necessário inventar outra linguagem, outro modelo de comunicar, pois a primeira forma de dominação talvez seja a da língua! Então reforçando a fala de José Paulo Netto: " a luta de classes passa pelo terreno da linguagem!" Assim a gente já entra direto numa luta pela mudança do sentido, significado, significante da palavra cadeia! E esses poderiam continuar: " 7. [Figurado]  Encadeamento, continuidade.
Série de coisas que vêm umas das outras" cadeia aqui seria uma continuidade de ações que mudariam o mundo, mudariam a pena, aboliriam a situação caótica em que a penalização colocou os que a sociedade burguesa acredita que devem ser contidos!

Cadeia seria uma chance de acreditar que haveria uma ligação entre as pessoas, mas uma ligação tão forte, de modo a mudar as relações, de modo a questionar um modelo único e uniformizado de penalizar e fazer com que paguem e purguem pelos erros. Aí seriam criadas cadeias de apoios, de soluções coletivas, de entendimentos que somente pensando no que se fez é que se pode deixar de fazer, se claro, aquilo foi um mal. Nossa sociedade padece de avaliações, acordos, debates, conversas. Estamos acostumados e isso é ótimo para os donos do poder, a aceitar que o que está socialmente errado deve ser retirado do convívio, deve ser banido. Existem, claro, certos tipos de pensamentos e atitudes que merecem uma intervenção feroz no cotidiano do sujeito que cometeu, entretanto todos deveriam passar pelo crivo de uma razão que compensasse uma discussão completa, coletiva e debatida em profundidade.

Eu fico com essa ideia: Punir é mais fácil, punir prendendo então mais fácil ainda! Mas é fácil para quem pune e não pra quem é punido. Assim ao prender a sociedade de exime de entender porque o infrator fez o que fez, até onde ela também é responsável pelo ato cometido. Depositando o sujeito numa cadeia, num manicômio, numa unidade socioeducativa ou qualquer outro tipo de instituição total, a sociedade, o poder e a classe dominante vivem no paraíso do esquecimento da responsabilidade social verdadeira e assim continuam a reproduzir a ideia da pena privativa de liberdade midiaticamente, ideologicamente, sem saber que ela só causa mais dor, mais revolta e menos cuidado e muito menos mudança! Se o sujeito será esquecido, ele mesmo nunca se esquecerá da pena e muito provavelmente não mudará de comportamento!

Quando a gente começar a criar a cadeia do pensamento, ou outra palavra menos dúbia e que melhor defina nossos acordos coletivos, nós gozaremos de uma vida mais serena, menos complicada, mas mais ativa e responsabilizada, e eu continuo a acreditar no mundo e nos humanos que o habitam, mesmo diante de tanta miséria de verdade e de pensamento profundo...






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